Após contar um personagem maravilhoso em sua estréia como diretor, em Constantine, Francis Lawrence foi mais uma vez abençoado com um excelente protagonista para contar uma história, e desta vez com o adicional de poder contar com o maior astro da atualidade para o interpretar. Em Eu sou a lenda, Will Smith precisa apenas da primeira seqüência para fazer seu Robert Neville cair no gosto do público, sendo o pilar que sustenta um filme que tinha tudo para ser uma obra-prima, mas acaba frustrando a expectativa por conta de decisões pouco acertadas no desenrolar da trama.
Neville é, aparentemente, o último sobrevivente humano de um vírus que deu cabo de mais de noventa por cento da população, tendo transformado outra boa parte em aberrações, formando um misto entre vampiros e zumbis. Estes, por sua vez, devoraram praticamente todos aqueles imunes à praga. Isto deixa Neville – ou melhor, Will Smith – com uma deserta Nova York inteiramente sua para brincar. O cenário de gigantescas avenidas, completamente desertas, é perfeito para perseguir cervos fugidos do zoológico a bordo de um carrão esportivo. Uma cena que parece egressa de um game dos consoles da nova geração. Ver a maior metrópole do mundo entregue a um só homem dá a exata dimensão do drama vivido pelo protagonista, mesmo em uma cena carregada da mais pura adrenalina.
E é aí que Eu sou a lenda revela sua faceta mais interessante. Trata-se de um filme sobre a solidão e sobre como ela pode afetar nossa percepção e atitudes. A excepcionalidade da situação proporciona que Smith construa um personagem muito mais atormentado do que aquele vivido por Tom Hanks em O náufrago, outro exemplo de filme de “um homem só”. Se Hanks teve de recorrer a uma bola de vôlei para exteriorizar seus sentimentos, Smith tem a sua disposição a adorável cadela Sam, além de uma vasta gama de manequins e filmes. São eles que sustentam a sanidade de Neville, que precisa dela porque se auto-impôs a missão de encontrar uma cura, projeto em que estava envolvido antes mesmo da pandemia.

Tudo caminhava bem até a aparição dos monstros digitais
O diretor também sabe construir um clima de suspense sobre os monstros enfrentados por Neville. Notívagos, os bichos ficam sempre às escuras, criando seqüências de deixar o cabelo em pé apenas com vultos e sons estranhos. E quão grande é a decepção do espectador quando eles finalmente dão as caras. Com um visual propositalmente digitalizado, capaz de atrair a atenção da molecada sem elevar a classificação indicativa do filme, as criaturas contrastam demais com o restante da produção, que até agora obtinha sucesso com um drama intimista sobre a dificuldade de viver só. Para piorar, a montagem do filme acaba enfraquecendo o recurso do flashback, onde Neuville é visto com a família na tentativa de deixar a cidade antes que esta fosse isolada do restante do mundo. O que serviria perfeitamente como introdução acontece muito perto do clímax, quando o desenrolar dos fatos já não interessam ao espectador. E isso apenas para justificar uma reviravolta forçadíssima no final, ao maior estilo M. Night Shyamalan.
Alice Braga é outra que sofre nas mãos dos roteiristas. A brasileira vive Anna, personagem que aparece no final da história apenas para dizer que Neville não está só, e que Deus tem outros planos pra ele – sim, ela diz isso! Pior é constatar que a equipe não encontrou forma de estabelecer uma conexão entre os dois, apelando para um diálogo musical, onde Anna, pasmem, não conhece o trabalho de Bob Marley! Uma confissão em película de que a equipe não sabia como conduzir a história a partir daquele ponto.
Pena, já que Eu sou a lenda tinha tudo para figurar entre os melhores filmes do ano: ótimas seqüências de ação, fotografia e direção de artes impecáveis, um protagonista pra lá de dedicado e um diretor talentoso, mas que infelizmente ainda não possui voz para peitar executivos ávidos por alguns milhões de dólares a mais.
Neville é, aparentemente, o último sobrevivente humano de um vírus que deu cabo de mais de noventa por cento da população, tendo transformado outra boa parte em aberrações, formando um misto entre vampiros e zumbis. Estes, por sua vez, devoraram praticamente todos aqueles imunes à praga. Isto deixa Neville – ou melhor, Will Smith – com uma deserta Nova York inteiramente sua para brincar. O cenário de gigantescas avenidas, completamente desertas, é perfeito para perseguir cervos fugidos do zoológico a bordo de um carrão esportivo. Uma cena que parece egressa de um game dos consoles da nova geração. Ver a maior metrópole do mundo entregue a um só homem dá a exata dimensão do drama vivido pelo protagonista, mesmo em uma cena carregada da mais pura adrenalina.
E é aí que Eu sou a lenda revela sua faceta mais interessante. Trata-se de um filme sobre a solidão e sobre como ela pode afetar nossa percepção e atitudes. A excepcionalidade da situação proporciona que Smith construa um personagem muito mais atormentado do que aquele vivido por Tom Hanks em O náufrago, outro exemplo de filme de “um homem só”. Se Hanks teve de recorrer a uma bola de vôlei para exteriorizar seus sentimentos, Smith tem a sua disposição a adorável cadela Sam, além de uma vasta gama de manequins e filmes. São eles que sustentam a sanidade de Neville, que precisa dela porque se auto-impôs a missão de encontrar uma cura, projeto em que estava envolvido antes mesmo da pandemia.

Tudo caminhava bem até a aparição dos monstros digitais
O diretor também sabe construir um clima de suspense sobre os monstros enfrentados por Neville. Notívagos, os bichos ficam sempre às escuras, criando seqüências de deixar o cabelo em pé apenas com vultos e sons estranhos. E quão grande é a decepção do espectador quando eles finalmente dão as caras. Com um visual propositalmente digitalizado, capaz de atrair a atenção da molecada sem elevar a classificação indicativa do filme, as criaturas contrastam demais com o restante da produção, que até agora obtinha sucesso com um drama intimista sobre a dificuldade de viver só. Para piorar, a montagem do filme acaba enfraquecendo o recurso do flashback, onde Neuville é visto com a família na tentativa de deixar a cidade antes que esta fosse isolada do restante do mundo. O que serviria perfeitamente como introdução acontece muito perto do clímax, quando o desenrolar dos fatos já não interessam ao espectador. E isso apenas para justificar uma reviravolta forçadíssima no final, ao maior estilo M. Night Shyamalan.
Alice Braga é outra que sofre nas mãos dos roteiristas. A brasileira vive Anna, personagem que aparece no final da história apenas para dizer que Neville não está só, e que Deus tem outros planos pra ele – sim, ela diz isso! Pior é constatar que a equipe não encontrou forma de estabelecer uma conexão entre os dois, apelando para um diálogo musical, onde Anna, pasmem, não conhece o trabalho de Bob Marley! Uma confissão em película de que a equipe não sabia como conduzir a história a partir daquele ponto.
Pena, já que Eu sou a lenda tinha tudo para figurar entre os melhores filmes do ano: ótimas seqüências de ação, fotografia e direção de artes impecáveis, um protagonista pra lá de dedicado e um diretor talentoso, mas que infelizmente ainda não possui voz para peitar executivos ávidos por alguns milhões de dólares a mais.
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