quinta-feira, janeiro 29, 2009

Cinema

Por que tão sério?


Só mesmo o Coringa para dar uma cara nova ao Oscar...

Um rápido passeio pelos arredores da blogsfera cinéfila mostra que, entra ano, sai ano, o Oscar ainda produz todo um fascínio sobre os aficionados pela sétima arte. Semana passada, o iminente anúncio dos indicados ao Oscar fez pipocar em todos os cantos listas com nomes dos prováveis concorrentes à estatueta dourada. Os índices de acerto foram altos, mas não surpreendentemente. Não é preciso bola de cristal ou ser douto na arte do tarô para saber o que se passa na cabeça da Academia de Hollywood. Esta já provou diversas vezes ser tão previsível quanto uma esquete do Zorra Total.

Daqui a alguns dias começarão a aparecer as listas com os prováveis vencedores. Os cinéfilos aguardam apenas o lançamento de alguns concorrentes em território tupiniquim. Não que isso seja necessário. Prever os vencedores também é tarefa fácil, mesmo sem assistir à metade dos filmes em questão. O que não é problema algum, afinal de contas, a maioria dos votantes também não os assiste...

Também não é difícil visualizar a Academia reclamando sobre os baixos índices de audiência da festa. Vejo-os prometendo uma festa mais “pop” para o próximo ano, como fizeram no ano passado e no anterior. “Aproximar a cerimônia dos jovens”. Seria bom que levassem o plano a cabo. Mas para isso eles precisam entender que sucessos como Batman: O cavaleiro das trevas não podem ser ignorados. Ou alguém de lá acredita que a torcida por O leitor possa ser maior que a do Homem-morcego?

terça-feira, janeiro 20, 2009

Cinema

...oirártnoc oA


Sim garotas, é mesmo Brad Pitt...

Quem nunca parou para pensar em quão bom seria se pudéssemos rejuvenescer com o passar dos anos? Não seria muito mais justo desfrutar do apogeu físico quando já tivéssemos a sabedoria que só os anos bem vividos nos trazem? Nascermos velhos, morrermos jovens... Pois bem, a ideia é recorrente – eu mesmo tenho uma tia que vive dizendo isso –, mas só agora ganha uma produção digna de nota, capitaneada pelo cineasta David Fincher, inspirada em um conto de F. Scott Fritzgerald.

Como bem nos ensina o roteiro de O curioso caso de Benjamin Button, na vida, tudo tem momento certo, o que explica a demora em abordar o tema. Fazer um filme como este há alguns anos seria impossível ou, no mínimo, exigiria um esforço descomunal de dublês e maquiadores (embora estes últimos ainda tenham sido exigidos ao máximo). O desenvolvimento da tecnologia de modelos digitais, largamente utilizada na indústria dos games, somada à técnica de captura de performance, que deu vida a criaturas como Gollun e filmes como A lenda de Beowulf, foi o que possibilitou que Fincher filmasse a fábula de forma convincente.

Benjamin Button (Brad Pitt, quase irreconhecível em alguns momentos, em atuação afiadíssima) nasce em Nova Orleans, no ano de 1918. Sua mãe, prestes a morrer em decorrência do parto, clama ao pai da criança para que o filho não seja abandonado. O pedido é prontamente atendido, mas a promessa é desfeita assim que ele vê a criança. O bebê é deixado em um asilo, onde médicos constatam que ele sofre de envelhecimento precoce, devendo ter pouco tempo de vida. O diagnóstico pessimista não desencoraja Queenie (Tajari P. Henson) enfermeira do asilo, a adotar a criança.


Benajmin é a prova cabal de que não é a aparência externa que nos define

Benjamin passa então a crescer cercado de idosos, o que lhe dá uma perspectiva peculiar da realidade. À primeira vista, ele sente estar entre iguais, mas basta ver crianças brincando do lado de fora para que ele se de conta de que algo está errado, de que é diferente. Se até mesmo Benjamin fica confuso com a própria condição, como explicar para um mundo governado pelas aparências que aquele corpo velho é a morada de uma inocente criança?

Os pré-julgamentos motivados pela aparência tornam-se os motores da trama. A condição única de Benjamin o impede de ter relacionamentos convencionais, confere um ritmo totalmente distinto a vida do personagem e o coloca deslocado em relação ao restante do mundo, drama parecido com o do protagonista de Forrest Gump. Uma das poucas pessoas que consegue enxergar o verdadeiro Benjamin por trás de rugas e cabelos grisalhos é Daisy (Cate Blanchet, sempre ótima) garota pela qual ele imediatamente se apaixona.


Com vidas em direções opostas, é preciso esperar o momento de amar

A direção de Fincher é primorosa em todos os sentidos. Em um primeiro momento, saltam aos olhos as impressionantes transformações de Pitt e Blanchet, mas a fotografia magistral de Caudio Miranda e a montagem precisa que intercala as memórias dos protagonistas também se destacam. O grande destaque da fita, porém, está na reflexão levantada pelo roteiro de Eric Roth: ao nos darmos conta de que Benjamin precisa esperar pacientemente os momentos exatos para dar vazão aos próprios sonhos, nos damos conta de como desperdiçamos as oportunidades da vida em prol de futilidades.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Epifania

Mea culpa



“Epifania – súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém "encontrou a última peça do quebra-cabeça e agora consegue ver a imagem completa do problema.”


A definição, retirada do Wikipedia, traduz perfeitamente o sentimento que me acometeu após ter assistido a Clube da luta. Que fique claro: já amava o cinema, assistia a diversos filmes e até brincava de ser diretor no quintal de minha casa. Entretanto, foi aquele o momento em que percebi que a sétima arte passaria a preencher minha vida de um modo diferente. É preciso, portanto, esclarecer que David Fincher me tornou um cinéfilo! Sabendo disso, o leitor terá melhores condições de criticar qualquer parcialidade cometida por este blogueiro na vindoura análise de O curioso caso de Benjamin Button.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Meu Cinema

Auto Referência

Os mais atentos já devem ter reparado que, no perfil aí à direira, me defino como um "pretenso cineasta nas horas vagas". Pois bem, já está na hora de mostrar o porquê de tal rótulo! Script! tem o orgulho de apresentar a primeira parte de Samukountry, produção totalmente trash em sua concepção, filmada em 2004, que dá continuidade à história de Samukay. Peço desculpas por não disponibilizar Samukay primeiramente, mas o fato é que não possuo uma cópia digital do filme. Espero em breve poder publicá-la, fechando o ciclo. Mas que ninguém se preocupe com a continuidade. Tarantino já provou que uma história não precisa ser contada em sua ordem cronológica. E Samukountry, logo em seu início, está equipado com um resumo dos fatos ocorridos em Samukay. Sem mais delongas:



Postem suas impressões! Espero amadurecer ao me ver no papel de "vidraça".
PS: Ao término do vídeo estão relacionadas (links) a segunda e terceira partes.

sábado, janeiro 03, 2009

Cinema

Melhores do ano - Parte 2

Começo de ano, passam-se as festas, fica a ressaca, e com ela as memórias dos grandes filmes vistos em 2008. De janeiro a dezembro do ano passado, pudemos assistir a aventuras de super-heróis, dramas familiares, faroestes clássicos ou releituras modernas, ficções científicas e romances de todo o tipo. Uma variedade que naturalmente se estende à lista de melhores filmes do ano do
Script!. A lista resume-se a filmes lançados e vistos por este blogueiro no ano passado. Boas pedidas enquanto a avalanche de filmes do Oscar não chega por aqui!

10º Lugar – Os indomáveis
Os indomáveis é uma revisão do cineasta James Magold para o clássico Galante e sanguinário, de 1957. Fã do texto original, Magold não se atreveu a mudar os rumos do roteiro, mas contou com uma produção caprichada e um elenco afiadíssimo, em especial Ben Foster, que só não consegue ofuscar as atuações das feras Russel Crowe e Christian Bale porque eles também estão magníficos.


9º Lugar – A família Savage
Todo ano o cinema independente americano nos apresenta belas histórias de famílias disfuncionais. E todo ano nos rendemos a elas. O segredo está na sensibilidade que roteiristas como Tamara Jenkins (também diretora) conferem a estas histórias, que muitas vezes carregam experiências pessoais de seus realizadores para dentro da telona. Junte isso à sensibilidade de um elenco capitaneado por uma soberba Laura Linney e um sempre perfeito Philip Seymour Hoffman e você faz de
A família Savage um retrato dessa tragicomédia chamada vida.

8º Lugar – Homem de Ferro
O primeiro
blockbuster de 2008 surpreendeu em dois aspectos: primeiro, a história do super-herói da vez tinha conteúdo, usando como pano de fundo a ganância belicista da indústria de armas americana; segundo, Robert Downey Jr. em uma interpretação quase sobrenatural para o milionário Tony Stark. Difícil foi vê-lo em outras produções ou programas de TV e crer que, de fato, Downey Jr. não é o Homem de Ferro.


7º Lugar – Persépolis
O ano passado consolidou o filão de adaptações de quadrinhos como um gênero amplo, que não se resume aos filmes de super-heróis. Há espaço para relatos autobiográficos como o de Marjani Sartrapi, quadrinhista iraniana que migrou para a França fugindo da opressão da Revolução Islâmica.
Persépolis é um ótimo drama pessoal, somado a um conteúdo histórico pouco conhecido aqui no Brasil.



6º Lugar – Sangue negro
Para adaptar o épico livro
Oil!, de Upton Sinclair, Paul Thomas Anderson teve de abdicar totalmente de seu estilo pessoal. Saem os mosaicos narrativos inspirados em Robert Altman, entra a figura de um personagem central, que domina o filme quase unicamente. O melhor de tudo é que este personagem ganha a interpretação de Daniel Day Lewis, na melhor atuação do ano. Direção precisa, atuações memoráveis e uma trilha sonora que martela o cérebro. Sangue negro é cinema clássico, espécie rara nos dias atuais.

5º Lugar – Vicky Cristina Barcelona
Após uma temporada com saldo positivo em Londres, Woody Allen migrou para a ensolarada Barcelona e, ao que parece, o ar catalão fez bem ao diretor.
Vicky Cristina Barcelona é a comédia que Allen há tanto tempo devia aos seus fãs. Nela, o amor é desconstruído em uma análise sobre nossa vã tentativa de idealizar nossos relacionamentos. Se hoje em dia as mudanças são o catalisador criativo de Allen, que ele venha logo ao Rio de Janeiro!

4º Lugar – Juno
Mais uma vez o cinema
indie americano. Outra família disfuncional. E mais uma história apaixonante. Aliás, como não se apaixonar por Juno MacGuff, a jovem interpretada por Ellen Page que exala personalidade e tem uma resposta afiada para qualquer questão? Méritos para o roteiro primoroso da promessa Diablo Cody e para a direção precisa de Jason Reitman, que transformaram a gravidez de Juno no conto de fadas (ou melhor, na antítese deste!) do ano!

3º Lugar – WALL-e
Pode um filme mesclar em torno de si o melhor do cinema mudo, das ficções científicas a lá
Blade runner e a magia das antigas animações Disney? WALL-e mostra que, sim, é possível, e foi além: fez uma das mais precisas críticas ao consumismo atual sendo um produto para consumo das massas! WALL-e é a prova de que os limites narrativos do cinema ainda não foram transpostos, e que a Pixar não irá descansar até atingi-los.


2º Lugar – Batman: O cavaleiro das trevas
A maior bilheteria. O filme mais comentado. A atuação mais celebrada. Não faltam recordes ou superlativos para a última aventura do Homem-morcego. Christopher Nolan retomou as diretrizes iniciadas em Batman: Begins e elevou o conteúdo a um patamar nunca dantes visto em um filme de super-heróis. O cavaleiro das trevas alça o gênero ao patamar de obra de arte pela primeira vez, e Heath Ledger a de uma das maiores e mais prematuras perdas do cinema.

1º Lugar – Onde os fracos não têm vez
Lembro-me de que na saída da sessão de Onde os fracos não têm vez, muita gente reclamava de que o filme não possuía final. A constatação é verdadeira, porém, totalmente injusta. Poucos filmes conseguem ser tão concisos quanto este “faroeste” moderno dos irmãos Coen, e a omissão de uma conclusão clássica está perfeita no contexto. Os Coen realizaram um tratado sobre a maldade humana, aquela inata, incompreensível e cada vez mais presente nos dia-a-dia atual.

Um feliz 2009 para todos e bons filmes!!!