quarta-feira, abril 22, 2009

Brasil

Singela homenagem


Ministro Joaquim Barbosa, um GRANDE brasileiro!

quinta-feira, abril 16, 2009

Cinema

Sparring da vez


Ao lado de Eva Mendes, quem não ficaria convencido?

Quem frequenta este blog há algum tempo já percebeu que sempre arrumo um espacinho para resenhar adaptações de quadrinhos. O motivo é simples: bem antes de me interessar seriamente por cinema, era ávido leitor de HQ’s. E como todo bom fanboy (vá lá, perdoem-me, qual adolescente não foi um?), tinha o meu próprio roteirista herói, o ídolo supremo, o cara no qual me espelharia quando crescesse. O nome da figura? Frank Miller.

Não posso precisar o que me atraiu no estilo de Miller logo de cara. Cada vez que lia seus trabalhos, encontrava novas qualidades, o que pode fazer a memória me trair. Sei que hoje admiro a concisão do texto, os ótimos diálogos, a criatividade dos roteiros e a capacidade dele em narrar tão bem na primeira pessoa, mediante toneladas de recordatórios. Estilo que passava uma sensação de realidade que eu jamais vira antes nos quadrinhos. Os pensamentos e avaliações dos personagens do Demolidor roteirizado por Miller fluíam com tamanha naturalidade que se confundiam aos meus.

Os anos passaram e descobri o cinema e, com este, Quentin Tarantino. Lembro-me que de cara encontrei muita similaridade entre o estilo do cineasta e o do quadrinhista. Tarantino emulava Miller, traduzindo tudo aquilo pelo qual me apaixonara durante a adolescência para a telona. O que não significava tratar-se de uma cópia, pois o diretor o fazia com estilo próprio, que rapidamente passei a admirar. Tão logo assisti a Pulp Fiction, pensei ser Tarantino a pessoa certa para adaptar a obra de Miller para o cinema. Nas discussões com os amigos, argumentava sempre que ele deveria dirigir Sin City. A medida exata! Imaginem então o tamanho da minha empolgação quando soube que ele e Robert Rodriguez iriam, de fato, realizar Sin City, e mais, com Miller a tiracolo.


The Spirit é ruim, mas dá para assistir. O bichano é simpático!!!

Naquele momento, percebi que uma trajetória cinematográfica seria inevitável na carreira de Miller. Sin City foi o sucesso que esperava e 300 gerou burburinho ainda maior, embora entre as obras de Miller, esta não seja uma de minhas favoritas. O próximo passo foi deixá-lo dirigir um filme por sua própria conta, e ele optou por The Spirit, adaptação da obra de Will Eisner, ídolo do Miller quadrinhista.

Colocá-lo no banco de diretor não me surpreendeu, tampouco a pronta aceitação por parte dele. Miller era visto como promessa em Hollywood, status bem diferente daquele que ostentava na indústria de quadrinhos à época. Nesta, seus trabalhos mais recentes variavam entre os incompreendidos por público ou crítica (All star Batman) e os de má qualidade (O Cavaleiro das trevas 2). Era consenso que os quadrinhos já não fascinavam Miller como antigamente. Quem sabe ele não encontraria no cinema nova vazão para seu talento...

O problema é que, contra ele, havia uma legião de ex-fãs e críticos ansiosos por um fracasso. Ninguém engolira bem a sátira que Miller fazia do atual mercado dos quadrinhos em All Star Batman, e muitos acharam petulante a decisão do autor de desembarcar em Hollywood, principalmente porque Alan Moore, o outro “papa dos quadrinhos”, faz questão de dar 500 entrevistas por semana repudiando toda a indústria cinematográfica americana. Miller ainda tratou de agravar o quadro, adotando uma postura insuportavelmente blasé durante entrevistas e convenções, portando-se como gênio supremo. Parecia ter saído há pouco de um mergulho de cabeça no mais fundo poço do pedantismo...

E por essa postura, muito mais do que pela qualidade de seu trabalho, Miller pode estar dando adeus ao sonho hollywoodiano. The Spirit fracassou com público e crítica, embora o filme não seja tão ruim quanto muitos pregam. É, sim, uma obra bem fraca e repleta de passagens constrangedoras, mas ali salvam-se um ou outro momento nos quais brotam faíscas do talento do Miller de outrora. O que não serve de álibi para meu antigo ídolo. Frank Miller alçou o posto de saco de pancadas da vez, e ninguém parece querer maneirar nos golpes. Um tombo que pode muito bem ajudá-lo a colocar a cabeça no lugar, servindo inclusive como motivação. Resta saber como estará a boa vontade do público para a próxima investida do artista, seja no cinema ou nos quadrinhos.


The Spirit: ótimo pretexto para postar outra foto da Scarlett... Ai, Ai!