sexta-feira, setembro 26, 2008

Cinema

Exercício democrático


Se meu apartamento votasse...

Após passar um tempinho afastado de tudo que rola pela World Wide Web, resolvi dar um passeio pelos recantos do universo digital e ver como a virtualidade se comportou durante minha ausência. Entre as habituais fofocas e especulações sobre qual famoso anda comendo qual famosa, eis que minha atenção é conquistada por mais um exemplar do que a Internet oferece de mais típico: uma lista de melhores de um gênero paralela a uma enquete.

No caso, uma lista sobre os filmes mais importantes dos últimos 50 anos, divididos pelo período de uma década. A iniciativa é da Folha de São Paulo, e o Internauta têm dez opções de voto, escolhidas previamente pela equipe da Folha, para escolher o filme mais representativo das décadas de 60, 70, 80, 90 e da atual. Os vencedores farão parte de um ciclo de cinema que irá comemorar os cinqüenta anos do caderno Ilustrada do jornal.

Como toda a lista do tipo, são inúmeras as ausências sentidas entre os eleitos pela Folha. Ao meu ver, é nítido que a seleção da atual década é aquela que cometeu o maior número de injustiças, seguida de perto pela dos anos 90. Acredito que o significado disso possa ser explicado pelo menor espaço de tempo para discutir, absorver e entender a importância de determinada obra para o meio cinematográfico. Independentemente desses deslizes, vamos a lista, uma excelente desculpa para motivar um pouco as discussões aí nos comentários.

Considero difícil opinar sobre o período compreendido entre 1958 e 1969 (para coincidir com o aniversário do jornal, a enquete foi esticada em dois anos). Dos filmes listados, assisti apenas a Se meu apartamento falasse, do gênio Billy Wilder, o que explica e legitima meu voto. Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, lidera entre os internautas. Não deve ser sem razão, afinal, muita gente já escreveu que esta pode ser considerada a única obra-prima do Cinema Novo, um movimento que possui “zilhões” de defensores.


"Are you voting in me?"

Na lista da década seguinte a coisa fica bem mais simples, pois assisti à maioria dos filmes relacionados. A liderança é de O poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, com vantagem razoável para Laranja mecânica, de Stanley Kubrick. Gosto muito de ambos, mas meu voto seria para Táxi Driver, de Martin Scorcese, por ser igualmente brilhante e ter uma poderosa crítica ao comportamento da época implícita em sua história.

Chegamos à década de 80, onde assisti à metade dos filmes relacionados. Quem lidera é Blade Runner, a primorosa ficção científica dirigida por Ridley Scott. Confesso estar inclinado a aumentar a vantagem de Scott, mas como ele concorre com o espetacular Touro indomável, mais um de Martin Scorcese, acabo roubando e voto duas vezes.


Há algumas barbadas...

Na década de 90 nenhuma dúvida. É Pulp Fiction na cabeça, tanto no voto como na preferência dos votantes. Os imperdoáveis, do bom e velho Clint Eastwood, é o maior rival do longa de Quentin Tarantino. Tudo sobre minha mãe, de Pedro Almodóvar, merece estar na lista, assim com A liberdade é azul, de Krzysztof Kielowsky. Mas O jogador não é o melhor Altman, Central do Brasil só tem real significância para nós, “brazucas”, e Titanic eu nem pretendo comentar. Onde ficou Clube da luta?


... e também as inevitáveis injustiças.

E, enfim, chegamos à década atual. E que lista é essa? Edifício Master, de Eduardo Coutinho, é, sim, um primor, mas melhor filme da década? Vá lá! Paranoid park, de Gus Van Sant, é mais representativo e interessante do que Elefante, do mesmo diretor. Volver é um bom filme, mas é apenas mais do mesmo em se tratando de Almodóvar. A vila é um momento menor do cada vez pior Shyamalan. O senhor dos anéis, do gente boa Peter Jackson, desponta como líder, embora deva ser o menos relevante de toda a lista - exceção feita a A vila. Dos que já assisti, salvam-se Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, Cidade dos sonhos, do maluco David Lynch e O segredo de Brokeback Mountain, do "poeta" Ang Lee. Resta saber o porquê de ausências como as de Réquiem para um sonho, Darren Aronofsky; dos recentes Sangue negro, Paul Thomas Anderson, e Onde os fracos não têm vez; irmãos Coen, de Menina de ouro, obra prima de Clint Eastwood; e de algum filme da nova safra indie americana, em especial Encontros e desencontros, Sofia Coppola, e Pequena Miss Sunshine, Jonathan Dayton e Valetie Faries. Poderia continuar a lista por parágrafos e mais parágrafos, mas acho que está bom... AH! Só pra registrar, voto em Cidade de Deus!!! Logo mais posto minhas impressões sobre Ensaio sobre a cegueira!!

Clique
aqui para votar na enquete!

segunda-feira, setembro 15, 2008

Música

Magnetismo metálico


O Metallica volta a apontar o caminho para os novatos

O metal é um gênero difícil. E não me refiro aqui à complexidade musical. Não. A dificuldade reside no sem-número de idiossincrasias que permeiam o estilo, algo sem paralelo em outras vertentes musicais. É como se existisse, em algum lugar, esculpida desde tempos imemoriais, uma lista de mandamentos que norteiam o comportamento esperado de um metaleiro. Clichês, que nesta tribo, ganham significância quase – ou mais que – religiosa. 

Essas “verdades absolutas” são, provavelmente, o maior empecilho para que o metal conquiste o respeito da grande mídia. Fãs não toleram mudanças, mas criticam a “falta de originalidade”. Muitas vezes, estão mais preocupados em saber se os ídolos estão seguindo a “cartilha” do metal do que com a qualidade da música de fato. 

Só isso para explicar a recepção dúbia ao novo CD do Metallica, o recém lançado – e vazado! – Death magnetic. O Metallica é, juntamente com o Iron Maiden, a banda de maior repercussão no gênero, mas andou decepcionando nos últimos quinze anos de carreira com álbuns fracos e preocupações levianas quanto à popularização da troca de músicas da Internet, algo que deveria ser priorizado apenas por gravadoras e advogados. O problema é que mal o CD vazou e milhares de fóruns já estavam entupidos de opiniões sobre o lançamento. Importante destacar que a MAIOR parte desses depoimentos foram escritos por gente que nem se deu ao trabalho de escutar o álbum com a devida atenção, ou por certeza de que uma banda que trai “os princípios sagrados” nunca mais lançará nada digno de atenção, ou ainda por confiar cegamente na tese de que o novo disco seria o salvador do estilo, emblemático título messiânico que, vira e mexe, qualifica um lançamento de algum medalhão do gênero. 


Fica difícil esconder o sorriso após uma audição de Death Magnetic

E quem adotou essa posição de “falar antes de escutar” deveria parar de perder tempo e ouvir o que o Metallica tem a oferecer.
Death magnetic é pura ebulição emocional, que soa como um grito desesperado: "SIM, nós estamos vivos!!". Os detratores certamente argumentarão que o retorno às origens, um épico aos moldes do "filho pródigo”, trata-se, na verdade, de uma jogada comercial. Como se existisse algum músico que lança músicas aos braços do mercado sem levar em conta o fator financeiro. Isso é o de menos. O importante é constatar que as composições do grupo voltaram a soar energéticas e vivazes.  Músicas como That was just your life, Broken, beat & scarred, All nightmare long e My Apocalypse são porradas que há muito – desde o longínquo ...And justice for all – estavam guardadas nas entranhas de James Hetfield, Kirk Hammet e Lars Ulrich, agora devidamente completos com a presença do novo baixista, Robert Trujilo. 

A produção ficou a cago de Rick Rubin, famoso por extrair o máximo de artistas tão variados quanto Slayer e Johnny Cash. Rubin soube trazer o som clássico do Metallica de volta, mas sem fazer com que o grupo perdesse o amadurecimento melódico conquistado nos anos de Bob Rock. O resultado é um álbum que remete ao passado, mas sem soar datado ou mesmo nostálgico. Death magnetic olha para o futuro, visando aos adolescentes que descobrirão o Metallica por meio de sua interminável sucessão de riffs pesados, vocais berrados e uma pegada thrash de primeira. Este sim é o novo metal!!

quarta-feira, setembro 03, 2008

Internet

Tentando dominar o mundo!


Sim, o logo está a cara do Genius, o jogo da memória...

Extremamente rápido e funcional. Essa é a melhor definição para o Google Chrome, a mais nova investida da megacorporação para o domínio definitivo da Internet. Para quem já havia abandonado o Internet Explorer, adotando o Firefox, uma boa notícia: o Chrome funciona de forma semelhante à raposa, com a vantagem de conseguir ser ainda MAIS rápido e, ao que parece, possuir menas restrições de compatibilidade com páginas pensadas para o IE. E não amiguinhos, não ganho nada fazendo propaganda para o Google, mas, como uso a Internet como meio, faço questão de dar o recado, imitando aquele bordão de cerveja: Experimente!


Scott McCloud, o famoso quadrinhista, é quem assina o manual do Chrome,
que pode ser conferido no link: http://www.google.com/googlebooks/chrome/