sábado, agosto 09, 2008

Cinema

Jabor vê o Batman


Porque tão sério, Jabor?

Nessa terça feira, li a crônica do jornalista Arnaldo Jabor sobre Batman: O cavaleiro das trevas - http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080805/not_imp217659,0.php. Sempre achei Jabor uma figura superestimada, um cara que cresceu graças à necessidade da grande mídia em criticar governantes e as medidas que a desagradam, de forma indireta. Que fique então claro: nunca gostei de Jabor. Sempre curti o Batman.

Não conheço o trabalho de Jabor como cineasta. Sei que ele é uma importante figura do movimento conhecido como Cinema Novo, e que até ganhou um Urso de Prata por Toda nudez será castigada. Mas confesso que não tenho curiosidade em assistir aos seus filmes. Até hoje não consegui me identificar com o Cinema Novo. Considero aquela linguagem datada, incapaz de dialogar comigo, tanto na questão estético-cinematográfica, como na própria análise do Brasil daqueles tempos. Por isso, acho sempre curioso que a maioria dos representantes daquela fase defendam um retorno do cinema brasileiro para tais raízes.

Não sei se Jabor é um desses defensores saudosistas, que defendem abertamente a volta da estética do cinema novo. Sei somente que, em sua crítica ao Batman, ele tenta desmerecer alguns aspectos do filme apoiado em uma crença de que o cinema atual é pior do que o do passado. Jabor ataca a montagem ágil, os efeitos especiais espetaculares e o excesso de reviravoltas do roteiro escrito por Christopher Nolan e David Goyer, julgando que tais artifícios são sempre usados como “disfarce para a falta de conteúdo”. O colunista chega a dizer que Batman não é “complexo”, mas “emaranhado”, o que faz com que alguns detalhes passem despercebidos e sejam capazes de justificar os louros conseguidos pelo longa junto à parte da crítica.

Sejamos francos: Batman: O cavaleiro das trevas é um filmaço, profundo por analisar a realidade da violência em um formato onde até pouco tempo isso era impensável. Tem momentos capazes de estimular reflexões sociológicas e psicológicas da platéia, mas não chega a ser um tratado de psicologia criminosa. Aliás, justiça seja feita, a crítica dá a entender que Jabor até gostou do filme, mas muito mais pelo retrato que ele pinta da atual sociedade do que por levar a idéia de um homem vestido de morcego a sério.

A questão é que retratar de forma inteligente uma sociedade já é um mérito e tanto para qulquer filme, em qualquer época. Uma edição ágil pode funcionar muito bem para aumentar ainda mais o suspense. Em certos casos o filme pede isso! Assim como efeitos especiais e reviravoltas. Não é o tipo de pincel usado pelo artista que mede a qualidade da pintura. E aí reside meu descontentamento com Jabor. Para gente como ele, intelectuais do passado, nenhuma produção artística futura estará à altura das gerações pregressas. Exceção feita, talvez, àquelas que dialogarem com o passado de forma evidente. E aí temos a receita para o preconceito difundido por um dos colunistas de maior visibilidade do país.

Também não gosto do Jabor jornalista. Este conseguiu notoriedade mais pelo estilo do que pelo conteúdo. E jornalismo é informação acima de tudo! Muita gente gosta porque ele é irônico e fala mal do governo, mas tudo dito ali é tão somente o "mais do mesmo", embrulhado com ironias e tiradas engraçadinhas que, aqui sim, muitas vezes, disfarçam a real falta de conteúdo.



Jabor é daquelas pessoas que não aceitam ver o tempo passar e as coisas mudarem. Fica procurando formas de dizer que os jovens atuais são todos alienados. Recordo-me de uma crônica dele para o Jornal da Globo, sobre a morte do guitarrista Dimebag Darrel (Ex-Pantera). Jabor argumentava que o assassinato de Darrel por um fã era conseqüência da "apologia" que o rock atual faz à violência, caminho oposto ao trilhado pela geração "paz e amor" que revolucionou o mundo, e da qual ele faz parte. Talvez ele tenha esquecido o assassinato de Lennon propositalmente, talvez tenha sido o peso da idade. O fato é que caras como ele sempre buscarão formas de manipular o ponto de vista alheio para fazer crer que ele e sua patota são realmente seres superiores em esclarecimento.