terça-feira, outubro 07, 2008

Cinema

Adaptar ou não adaptar?


Não li o livro e gostei do filme. E você?

Em meio a crises econômicas apocalípticas e ante uma pirataria cada vez mais forte e organizada, é até compreensível que Hollywood esteja evitando a todo custo apostar em roteiros originais. Vivemos a era das adaptações. Quadrinhos, livros, desenhos animados antigos, games e tudo mais que já tenha reunido um mínimo necessário de fãs capazes de garantir retorno financeiro ganham as telas de cinema.

Porém, como quase tudo na vida, essa política de apostar naquilo que já está devidamente consolidado possui alguns reveses. O mais notório deles é a cobrança dos fãs pela fidelidade ao material original, verdadeira amarra narrativa e criativa, uma vez que aqueles geralmente desejam meras transposições para película.

Em casos assim, o trabalho do diretor muitas vezes se limita a selecionar aquilo que é ou não é imprescindível para a história. Não é fácil.
Ensaio sobre a cegueira, visão de Fernando Meirelles para o clássico homônimo de José Saramago, prova isso. Foram dezenas de cortes até que o diretor chegasse à versão que ganhou as salas mundo afora. Nem mesmo o aval de Saramago a uma versão pretérita fez com que a inquietação do diretor terminasse.  O que me faz acreditar que, caso ainda estivéssemos a alguns meses do lançamento, Meirelles ainda estaria trabalhando em uma versão final.

Isso explica bem o porquê da maioria das adaptações serem recebidas de modo tão dúbio pelo público. Gostei bastante do filme de Meirelles, embora reconheça tratar-se de uma obra visualmente forte e até perturbadora, difícil de digerir e certamente não recomendável para quem vê no cinema apenas entretenimento. Entretanto, não estou capacitado a opinar sobre a qualidade da obra enquanto adaptação, uma vez que não li o original. Talvez minha percepção mudasse caso o tivesse. Imaginem se eu percebesse que a passagem da qual tanto gostara no livro havia sido preterida no corte final? Certamente isso pesaria em minha avaliação.


Reflexão em grupo: "Essa cena é essencial para a história?"

O que leva à seguinte questão: existe sentido em uma adaptação que não acrescenta em nada ao original? Se nada deve ser mudado, melhor comprar o livro, não é mesmo? Difícil responder. Existem filmes que funcionaram respeitando ou inovando conceitos pré-estabelecidos. Algo que depende muito do diretor e da afinidade deste com a obra que pretende adaptar. Uma visão particular da obra não significa necessariamente desrespeito, afinal de contas, cada um faz a própria leitura daquilo que consome. Somos todos diferentes, temos histórias de vida distintas e gostos variados. O melhor a fazer, portanto, é dar uma chance às adaptações, mas sem esquecer-se de dar uma olhada no material original. Algo que pretendo fazer agora!!! Espero em breve postar minhas impressões sobre o livro Ensaio sobre a cegueira!

Um comentário:

Glayce Santos disse...

POxa, me aguarde, eu não tenho nada para escrver hj, pois infelizmente ainda não vi esse filme...=( Mas assim que ver, voltarei e falarei o que penso!!!

Ah, mas posso dizer que gosto datriz principal... e do cachorrinho...

beijinhos!