
Não li o livro e gostei do filme. E você?

Porém, como quase tudo na vida, essa política de apostar naquilo que já está devidamente consolidado possui alguns reveses. O mais notório deles é a cobrança dos fãs pela fidelidade ao material original, verdadeira amarra narrativa e criativa, uma vez que aqueles geralmente desejam meras transposições para película.
Em casos assim, o trabalho do diretor muitas vezes se limita a selecionar aquilo que é ou não é imprescindível para a história. Não é fácil. Ensaio sobre a cegueira, visão de Fernando Meirelles para o clássico homônimo de José Saramago, prova isso. Foram dezenas de cortes até que o diretor chegasse à versão que ganhou as salas mundo afora. Nem mesmo o aval de Saramago a uma versão pretérita fez com que a inquietação do diretor terminasse. O que me faz acreditar que, caso ainda estivéssemos a alguns meses do lançamento, Meirelles ainda estaria trabalhando em uma versão final.
Isso explica bem o porquê da maioria das adaptações serem recebidas de modo tão dúbio pelo público. Gostei bastante do filme de Meirelles, embora reconheça tratar-se de uma obra visualmente forte e até perturbadora, difícil de digerir e certamente não recomendável para quem vê no cinema apenas entretenimento. Entretanto, não estou capacitado a opinar sobre a qualidade da obra enquanto adaptação, uma vez que não li o original. Talvez minha percepção mudasse caso o tivesse. Imaginem se eu percebesse que a passagem da qual tanto gostara no livro havia sido preterida no corte final? Certamente isso pesaria em minha avaliação.
Reflexão em grupo: "Essa cena é essencial para a história?"
O que leva à seguinte questão: existe sentido em uma adaptação que não acrescenta em nada ao original? Se nada deve ser mudado, melhor comprar o livro, não é mesmo? Difícil responder. Existem filmes que funcionaram respeitando ou inovando conceitos pré-estabelecidos. Algo que depende muito do diretor e da afinidade deste com a obra que pretende adaptar. Uma visão particular da obra não significa necessariamente desrespeito, afinal de contas, cada um faz a própria leitura daquilo que consome. Somos todos diferentes, temos histórias de vida distintas e gostos variados. O melhor a fazer, portanto, é dar uma chance às adaptações, mas sem esquecer-se de dar uma olhada no material original. Algo que pretendo fazer agora!!! Espero em breve postar minhas impressões sobre o livro Ensaio sobre a cegueira!
Um comentário:
POxa, me aguarde, eu não tenho nada para escrver hj, pois infelizmente ainda não vi esse filme...=( Mas assim que ver, voltarei e falarei o que penso!!!
Ah, mas posso dizer que gosto datriz principal... e do cachorrinho...
beijinhos!
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