terça-feira, julho 04, 2006

Crônica

Areias do tempo


Quem poderia imaginar que a selação seria esta bomba?

O tempo é o senhor da razão, já diz a sabedoria popular, com propriedade raramente igualada. Poucos dias antes do início da Copa do Mundo postei uma crônica em que defendia a Seleção Brasileira contra as especulações da imprensa e da população a respeito de uma eventual derrota. Achava que a teoria de que o Brasil perderia por jogar de “salto-alto” não fazia mais sentido após as Copas de 1966 e 1982, pois Parreira teria competência para fazer com que isto não acontecesse. Ledo engano.

Apesar do poder persuasivo do tempo, ainda mantenho algumas opiniões que partilhei com os leitores naquele texto: continuo achando que o Brasil possui os melhores jogadores do mundo e também reconheço que Parreira possui, sem nenhuma dúvida, um currículo vitorioso. Mas admito que estava errado quando disse que o clima de favoritismo não atrapalharia o Brasil.

Acho inclusive que tal afirmação se encaixa muito melhor para explicar a derrota desta seleção ao invés da inesquecível esquadra canarinho de 82. O excesso de confiança pode ter atrapalhado muito daquela vez, mas a seleção jogou bem, o único problema foi que a Itália jogou melhor.

Não que o Brasil tenha jogado melhor do que a França desta vez, longe disto. O fato é que o Brasil NÃO JOGOU nesta Copa do Mundo, exceção feita ao jogo contra o Japão, e provavelmente muito se deve a este excesso de confiança, que na minha opinião, afetou principalmente o técnico Carlos Alberto Parreira. Vejamos só: Parreira insistiu em uma formação que não apresentava resultados mesmo após uma sensível melhora com o esquema utilizado na partida contra o Japão. Ignorou o bom futebol apresentado na Copa das Confederações para ajudar alguns medalhões a quebrarem recordes. Não treinou o time, e não venham me dizer que o que a ESPN mostrava eram treinos!!! Aquilo eram rachões e amistosos contra um combinado de cones, que talvez tenham sido a fonte de “inspiração” (!?) para o Brasil a jogar de forma tão estática. Um treinador que já conquistou um título mundial só cometeria tamanhos erros se tivesse plena certeza da vitória.

Mas tudo bem, sabemos que nem sempre é possível vencer, não é mesmo? Porém, também aprendemos que a pior derrota acontece quando não tentamos vencer. Por mais que esta frase soe como aconselhamentos baratos de auto-ajuda, é algo que pode ajudar bastante a nova geração que estará presente na próxima Copa. E fica a dica para gente como Cafu, Roberto Carlos e Parreira: tirem férias!!! Esta indignação que vocês apresentam a serem justamente criticados só faz com que as pessoas tenham mais raiva de vocês. Afinal, a sabedoria popular também já dizia que não adianta tentar justificar o injustificável...
Caricatura: Baptistão Retirada de seu Blog: http://baptistao.zip.net/

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