quinta-feira, maio 21, 2009

Cinema

De que lado você está?


Enquanto Wolverine advoga em nome da ação descerebrada...

Dois filmes, uma proposta. X-MEN: Origens – Wolverine e Star Trek iniciaram a temporada de blockbusters de verão com objetivo único: garantir mais alguns milhões de dólares aos seus estúdios por meio de franquias já consolidadas. Mas embora os fins fossem os mesmos, os meios empregados se mostraram bastante distintos. Enquanto o filme protagonizado pelo nervoso mutante canadense – pra lá de ruim representa um claro retrocesso para a franquia “X”, Star Trek desponta como a ressurreição de um mito há anos dado como “morto”.

Uma análise dos números das bilheterias das duas produções propicia um olhar curioso a respeito da “dualidade” mercadológica que atualmente toma conta de Hollywood. Wolverine aposta em um roteiro de ação ininterrupta e descerebrada, visando claramente o público adolescente. No começo, a receita deu certo – foram arrecadados aproximadamente 87 milhões de dólares no fim de semana de estréia. Foi o bastante para que a Fox, preocupada com que tais números fossem prejudicados pelo vazamento prévio do filme na Internet, respirasse aliviada, assegurando também uma continuação. O estúdio só não contava que as péssimas críticas e o boca-a-boca negativo fizessem os números desabarem nas semanas seguintes – queda de quase 70% na primeira semana, acrescidos de mais um rombo de 44% na semana posterior.

Por sua vez, Star Trek apostou em uma fórmula que equilibra ação e conteúdo. O longa de JJ. Abrams honra a memória da série, consagrada pela narrativa amplamente amparada na ciência de ponta. Esse conteúdo, até certo ponto sofisticado, não espantou a audiência. No final de semana de estréia, a produção da Paramount faturou gordas 76 milhões de verdinhas. Diferentemente do longa da Fox, Star Trek foi exaltado pela crítica e ajudado pela propaganda positiva feita por quem já lhe havia assistido. Com isso, Trek teve uma queda menor de bilheteria em sua segunda semana em cartaz do que o filme do “carcaju” – apenas 43%, o que deve fazer com que a arrecadação total de Trek supere a de Wolverine até o vindouro fim de semana –, algo que amplia o debate em torno de quão “sofisticado” devem ser os novos arrasa-quarteirões.

... Star Trek defende que uma trama deve ter algo além de explosões.

Em uma sociedade onde jovens recebem uma gigantesca carga de informação providenciada por games, Internet, quadrinhos, música e todo o tipo de entretenimento, é de se espantar que o cinema ainda considere fazer sucesso com filmes que não possuem preocupação mínima com um enredo. Ora, simples escapismo está atualmente acessível na palma da mão, basta ter um celular um pouco acima da média. Imaginem então o que faz uma jovem com um bom computador e uma Internet de alta velocidade! Violência, sexo, efeitos especiais e uma trilha sonora pra tudo isso de graça, com a vantagem de, em muitos casos, poder interagir diretamente com a mensagem.

Está na hora do cinemão americano repensar seu modus operandi. Não foi a primeira vez que um filme pipoca de roteiro mais elaborado que o usual dominou as bilheterias. O argumento único da “experiência sensorial” proporcionada pela tela grande não resistirá muito tempo face à escalada tecnológica da alta definição dos home theathers. É preciso garantir um retorno maior ao espectador que se dispõe ir ao cinema. Algo que transcenda as duas horas de exibição. Em suma, é preciso conteúdo. Que os roteiristas se preparem, pois a onda do cinema cabeça chegou para ficar.

3 comentários:

Tiago disse...

Assisti os dois no mesmo dia. Fui preparado para Wolverine, com minhas expectativas no chão. Depois de ler sua crítica, fui realmente pensando que não veria um filme bom. E que surpresa não foi que o filme não conseguiu nem superarar minhas expectativas que eram as mais baixas possíveis? Eu não vou entrar no mérito de que não tem nada a ver com a história das HQs porquê a franquia já tinha essa premissa desde antes: não é X-Men, é apenas um bando de mutantes que tem o mesmo nome de uma tal HQ. Fui esperando me divertir, e ver um filme que conseguisse pelo menos isso! Mas um filme sem pé nem cabeça, com uma atuação sofrível de um dos vocalistas do Black Eyed Peas (porra, pq num coloca um ator de verdade!!!???), um enredo fraco, um ínfimo Gambit sem nem metade do charme do original (E DE NOVA ORLEANS??? ELE É DA FRANÇA, E TEM UM SOTAQUE FRANCÊS PORRA! SÓ PRA SER DA PORRA DOS EUA? TOMAR NO C...). Passada a raiva, ainda encontro um Dente de Sabre playboy, nada a ver com o bestial mutante das HQs, meio viking, fodástico? Tá, entrei no mérito HQ x Filme, mas pô, era isso que o filme poderia ter de bacana tirando todos os erros. Ou seja, pra mim, não acertou em nada. Já Star Trek fui com uma expectativa alta, e o filme é tão bom que superou TODAS. P E R F E I T O... virei um Treker de carteirinha, e já tô baixando as séries :) Eu que não era muito fã chorei quando o Spock antigo (ator) apareceu, imagino os verdadeiros fãs... muito bom mesmo!!!

Luis Felipe disse...

Pois é Tiagão, minhas reações foram bem parecidas. Simplesmente não conssigo entender de onde tiraram a história desse Wolverine... Provavelmente de uma latrina, vai saber...
Sobre o Gambit ser de Nova Orleans, já há algum tempo criaram essa versão. Nova Orleans é uma cidade de forte colonização francesa, o que explicaria o sotaque. O problema é que eles NEM AO MENOS lembraram de colocar isso no filme. Uma tosqueira como você bem disse.
Agora, Star Trek... Não sei se estou correto, mas sempre acho que George Lucas deve estar roendo os cotovelos de inveja! HEHEHHEHE!

Tiago disse...

IAUhIUAhIUAh... verdade! E o pior é que assisti Fanboys apenas alguns dias antes, e, influenciado pelo filme e pela minha experiência não tão boa com Star Treks pregressos, nem me imaginava virando um "treker" IAuIAuHA... mas o J.J. Abrams é o atual midas da mídia, e conseguiu transformar o que já era bom (intelectualizado) para algo bom E divertido. Sensacional!