quarta-feira, dezembro 24, 2008

Televisão

Adeus ano velho

O tempo passa e não tem jeito: só me dou conta de que mais um ano está acabando quando vejo a propaganda do especial do Roberto Carlos na televisão. Nada mais sintomático para ilustrar a mesmice que anda nossa televisão... Mas ao final do ano sempre é bom dar uma olhadinha para trás e lembrar as coisas boas que vivenciamos. 2008 pode não ter sido um poço de originalidade, mas, justiça seja feita, até que teve bastante coisa legal na telinha...


O ano começava muito bem com a minissérie Queridos Amigos

A começar por Queridos Amigos, minissérie global que aportou em meados de janeiro. O texto traçava um perfeito perfil da geração que combateu a ditadura e depois precisou encontrar o próprio lugar na nova aurora democrática. A grande sacada da autora Maria Adelaide Amaral foi aproveitar as experiências pessoais para criar um texto de apelo universal, mostrando que a amizade é a base de sustentação para qualquer geração. O elenco inspiradíssimo (impossível citar destaques em um todo não perfeito) compensou a avareza da globo, que limitou os recursos da produção, deixando muitas cenas com cara de novela.


Um doce para quem adivinhar o final de Lost!!!

Ainda no início do ano tivemos a quarta temporada de Lost. Os detratores que me perdoam, mas o seriado merece sim todo o oba-oba que tem em torno de si. Depois de quebrarem a cabeça dos fãs com intrincados flashbacks durante as temporadas anteriores, Damon Lindelof e J.J. Abrams deram um drible de mestre e mudaram todas as expectativas ao mostrarem a vida dos personagens após deixarem a ilha. Com o advento dos flashfowards deixamos de nos preocupar se os personagens sairão da ilha para nos concentrarmos no mistério maior: afinal de contas, o que é tudo aquilo. Isso sem mencionar o impactante season finale, provavelmente o melhor na história da TV americana.


Na minha modesta opinião, a melhor de todas as séries!

Falando em TV americana, em 2008 ela trouxe para nós o término da terceira temporada de My name is Earl bem como o início da quarta. Correndo o risco de soar repetitivo, mais uma vez enalteço o trabalho da equipe de roteiristas e do produtor Greg Garcia. Não bastasse terem criado um mote sensacional (karma!) e contarem com alguns dos protagonistas mais hilários já vistos na TV, eles povoaram a série com o melhor time de coadjuvantes que já vi!!! A mitologia que cresce a cada episódio chega a lembrar um pouco Os Simpsons, e seu enorme elenco de coadjuvantes. Isso sem contar o elenco talentosíssimo, em especial Ethan Suplee (Randy), Jaime Pressly (Joy) e Jason Lee (Earl). Difícil acreditar que Hollywood ainda não tenha se tocado do talento desses caras!


Finalmente uma animação que faz jus ao rótulo de "Espetacular"

No campo da animação, destaco o O espetacular Homem-Aranha. Finalmente a Marvel acertou a mão no terreno dos desenhos animados, brindando-nos com uma produção tão boa quanto as da Warner/DC. A fórmula foi pegar aquilo que melhor funcionou em cada versão do personagem (o original dos quadrinhos; a versão Ultimate; o desenho anterior e, é claro, os filmes), misturar tudo e dar uma seqüência lógica para o desenvolvimento de Peter Parker como super-herói. O resultado foi a melhor versão do aranha já feita em qualquer mídia! O design limpo concebido por Sean Galloway somado ao texto preciso faz de O Espetacular Homem-Aranha uma das animações do ano.


E não é que a ginga brazuca chegou até os animês?

Eu disse “uma das”? Pois é. O Aranha não leva a taça sozinho porque neste fim de ano me deparei com uma verdadeira obra prima vinda do Japão. Falo de Michiko to Hatchin, anime que, vejam só, é ambientado na realidade brasileira, tem favelas (fictícias) como cenário e samba e bossa nova como trilha sonora. Michiko é uma criminosa malandra, gente boa, daquelas que só o Brasil produz. Ela quer reencontrar seu grande amor, dado como morto há 11 anos. Pra isso ela seqüestra Hatchin, suposta filha do rapaz, que tem, vejam só, 9 anos e vinha sendo criada como escrava por um padre. Basta uma olhadinha no trailer para ver que a produção é de primeira!!! Recomendadíssimo!


Cansado dos insossos Casseta & Planeta e JN? Ligue no CQC!

Pra terminar, volto a TV brasileira, na qual destaco o humor inteligente do CQC e o refinamento estético de Capitu, de Luiz Fernando Carvalho. Já falei sobre o CQC, mas não custa repetir que o programa é o sopro de vida que faltava ao humor e ao jornalismo (sim!!!) brasileiro. Irreverência somada a uma intransigência positiva, algo pra lá de necessário em um país de escândalos sucessivos. Carvalho é outro que já conquistou elogios do blogueiro, mas com Capitu ele se superou. O casamento da estética teatral do diretor funcionou perfeitamente com o texto de Machado de Assis, e o que vimos foi a melhor homenagem que o autor poderia ganhar no centenário de sua morte. Pena que boa parte do público brasileiro não esteja preparada para apreciar plenamente a beleza de uma obra como esta. Pudera, basta assistir ao restante da programação para constatar como é baixo o parâmetro de nossa televisão...


Que bom seria se todos os programas tivessem o texto de Machado...

Um comentário:

Luis Felipe disse...

Antes de mais nada faço um mea culpa: assisti a apenas um episódio do seriado Ó pai, ó. ADOREI, mas acho muito pouco para colocá-lo na lista... Estaria mentindo, entendem?
Fiquem à vontade para citar outras omissões!!!