
Moura e Sabatella: os melhores atores do cenário nacional?

Romance, a mais nova empreitada desses desbravadores, traz todos os elementos característicos no trabalho da dupla. Estão lá o bom humor, em diálogos rápidos e inspiradíssimos; a metalinguagem pra lá de recorrente nos roteiros de Furtado e o fascínio de Arraes pelo Nordeste brasileiro. O curioso é que, embora o preserve o estilo, Romance soa como uma reinvenção para a carreira da dupla. O tom mais sério destoa da essência farsesca dos filmes anteriores de Arraes (autor de O auto da compadecida e Lisbela e o prisioneiro) ou mesmo da visão mais caricata do mundo presente nos filmes de Furtado (como em O homem que copiava e Meu tio matou um cara).
Essa transição representa um grande risco para dois cineastas que têm seus nomes sempre relacionados a sucessos de bilheteria (deixemos de lado o fraco desempenho de Saneamento básico de Jorge Furtado). Apesar do título, Romance não é um filme recomendável para fãs de açucaradas comédias românticas. Aqui, o amor é discutido de maneira séria. E não só amor entre um casal, mas também o amor pela arte.
Para tanto, o célebre conto de Tristão e Isolda é transformado no propulsor que faz a trama girar. Pedro (Wagner Moura, mostrando-se dono de um talento monstruosamente versátil) é um diretor de teatro que se apaixona por Ana (Letícia Sabatella, finalmente bem aproveitada na telona) atriz que escolhe para viver Isolda em sua montagem. O diretor dá vida a Tristão, dentro e fora da peça, uma vez que o amor que fisga o casal protagonista se confunde com o dos personagens seculares.
Qual a fronteira entre sentimento e atuação?
Furtado e Arraes são suficientemente hábeis em construir toda a trama em cima do texto de Tristão e Isolda sem que isso lhes impusesse amarras criativas. Um MacGuffin é tão somente um... MacGuffin! Contar mais que isso estragaria um filme que consegue surpreender o espectador a cada reviravolta, mesmo abraçando um gênero cada vez mais marcado pela previsibilidade. Andrea Beltrão, Vladimir Brichta (muito bem), Bruno Garcia e Marco Nanini (sempre bem) completam o ótimo elenco.
Minha única crítica reside na fotografia do longa. Ela não é ruim, mas não explora o potencial da tela grande do cinema, sugerindo um verdadeiro descuido técnico. O excesso de closes de rostos funciona bem no espaço reduzido da televisão. No cinema, serve para alimentar o arsenal de gente que não gosta do cinema nacional pelo simples fato de este ser brasileiro.
PS: Aos frequentadores assíduos dessas mal traçadas linhas, peço descupas pela demora desta atualização. A temporada de provas do final de ano não deu trégua. Espero que dezembro me ajude a compensar esse deslize. Com a ajuda de vocês, é claro!!!
2 comentários:
AHHHH, HEXA!!!! \o/ Nós precisamos vencer, moço queriiido!!!! \o/
Eu assiti esse filme...AMEI! Se tem Wagner, tem Glayce!
Você fez uma critica maravilhosa sobre o filme, detalhes passados despercebidos por mim... Até das criticas criticadas eu gostei...hehe
Vc já viu esse blog: http://www.romanceofilme.com.br/blog/
Beijossssss
Amei suas palavras em meu blog!!!
Ótimas provas! \o/
maaaaaaaaais saudades....
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