sábado, novembro 10, 2007

Cinema

Compromisso com a diversão


Poucas vezes um título casou tão bem com o conteúdo.

Ao assistir Mandando bala, filme de ação que deve projetar o nome do desconhecido diretor Michael Davis, foi impossível não lembrar daquelas listas recheadas de feitos extraordinários que pipocam na internet, algumas atribuídos a Chuck Norris, outras a Jack Bauer. Até mesmo o já lendário Capitão Nascimento possui uma relação de façanhas espalhada pela net. Mandando bala nada mais é do que a formatação dessas peripécias mirabolantes em película, realizadas por um cada vez mais carismático Clive Owen na pele do casca-grossa Sr. Smith, sujeito que de tão durão, deixaria os rivais acima citados perplexos.

Com uma proposta dessas fica fácil prever que o enredo da história não será dos mais complexos. O lema aqui descomplicar. Sr.Smith é um tipo rude que detesta caras que se comportam mal, e por isso não exita em ir ao socorro de uma grávida perseguida por um grupo de extermínio. Não é preciso revelar o passado do personagem ou suas motivações. Menos é mais, e de mirabolante bastam as inúmeras cenas de ação, exageradas ao ponto de não poderem ser levadas a sério. E o charme do filme reside exatamente nisso: diretor e elenco nunca se esquecem que estão produzindo uma grande piada. O legal é que ela funciona.

É preciso entrar no clima hiperbólico da ação para rir de um parto onde o cordão umbilical é cortado com um tiro, ou com a constatação de que cenouras podem ser muito mais mortais do que armas de fogo (pode apostar nisso!). O clima de paródia permite analogias com o desenho do Pernalonga e cenas onde um casal não para de fazer sexo mesmo enquanto troca tiros com dezenas de criminosos. A produção não consegue cair no ridículo graças ao empenho do já citado Clive Owen e de outras feras do porte de Paul Giamatti, como o ótimo vilão Hertz, ou da lindíssima Monica Bellucci, personificando a deslumbrante prostituta Donna Quintano, interesse romântico do protagonista.

A competência do diretor para construir cenas de ação únicas e prá lá de impossíveis certamente cativará os amantes da cultura pop em geral. A arquitetura das seqüência lembram as intrincadas armadilhas desenvolvidas pelo Coiote para capturar o Papa Léguas. Quando você espera que o filme não conseguirá mais superar-se em seu próprio exagero, voi-lá, somos apresentados a uma cena ainda mais maluca. É certo que para um filme constituído nesses termos não faltarão críticos. Estes taxarão o longa de “acerebrado”. Mas até para isso o Sr. Smith possui uma resposta na ponta da língua, afinal, “o que ele mais odeia nos críticos é a carência de senso de humor”.


Não se deixe enganar, a ação não terá respiro durante o romance...

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