sábado, julho 21, 2007

Cinema

Com os ingredientes certos


Alguém duvida que vencerá o Oscar?

Ratatoille vai ganhar o Oscar de animação deste ano”. Fiz essa afirmação meses atrás, quando tudo o que tinha vista do novo longa da Pixar eram alguns pôsters e um teaser meia-boca. Como explicar então minha convicção? Simples! Uma simples frase estampada no canto daqueles pôsters: “Dirigido por Brad Bird”. Ele mesmo, o gênio por trás de duas verdadeiras obras-primas da animação, O gigante de ferro e Os Incríveis.

Quando você passa a gostar muito de cinema e se dedica a assistir diversos filmes, invariavelmente você acaba entendendo um pouco do assunto. Basta assistir a um filme de determinado diretor para saber se o cara tem talento e merece ter a carreira acompanhada. Raramente há exceções, e Brad Bird, felizmente, não é uma delas. Quando fui ao cinema assistir Os Incríveis, esperava ver apenas mais uma boa animação realizada pela Pixar,e me deparei com um dos melhores longas daquele ano em todos os sentidos, desde o desenvolvimento dos personagens e suas motivações, até a belíssima trilha sonora.

Percebi que Bird domina a linguagem cinematográfica. Não se atêm a algumas convenções que limitam o gênero da animação. Os Incríveis pode muito bem se entendido pela criançada, mas passa longe de ser um filme apreciável apenas pelos pequenos. O mesmo acontecia com O gigante de ferro, longa que assisti em vídeo. A fórmula de Bird é semelhante a de outros cineastas criativos, artistas que unem diversas influências sob um elo forte e consistente, capaz de fornecer uma roupagem moderna para temas abordados anteriormente diversas vezes. É o caso da Guerra-fria em O gigante de ferro, ou da temática dos super-heróis, atualizada para a burocracia contemporânea em Os Incríveis.

Para Ratatoille, filme sobre um ratinho que sonha em se tornar cheff em um importante restaurante francês, Bird sabia que, com o perdão do trocadilho, a receita não podia ser mudada. Aqui ele resgata o melhor do universo cartunesco de Tom e Jerry (talvez o melhor desenho já produzido) modernizando tudo para contar uma fábula sobre o valor dos sonhos e a importância de perseguí-los, por mais improváveis que sejam, como um rato, animal tido como asqueroso, tornar-se o melhor cheff da França.

No making-off de Os incríveis, Bird revela que seu lema de trabalho é “usar todo o búfalo”, em referência aos índios, que aproveitam carne, couro, chifres e ossos deste animal após abatê-lo. Ao assistir Ratatoille é fácil perceber que o cineasta não utiliza esse ideal como frase de efeito aos moldes dos guias de auto-ajuda. Cada cena é parte fundamental do projeto e, se ora a narrativa explora o melhor das perseguições a lá gato e rato, em outro momento pode dar lugar a um inspirado monólogo sobre o valor da crítica perante realizações concretas. Pois bem, depois de duas horas de projeção mantenho minha previsão para o Oscar, agora com uma certeza quase inabalável, pois, para Ratatoille não vencer, teremos que nos deparar com um filme que será, no máximo, tão bom quanto ele.

Um comentário:

Anônimo disse...

De fato, Brad Bird é um cara foda!!! Putz, Ratatoille é blilhante, bem melhor que aquela porcaria do Shrek 3 e do último Piratas... Não entendo porque tanto holofote pra esses filmes!!! Aposto que se o ratinho contasse com uma campanha de marketing tão forte, faria muito mais bonito na tela!!