quinta-feira, dezembro 21, 2006

Quadrinhos

Poder Supremo


Panini 2007: uma quase "exclusividade" no mercado de HQ's

Acabou o mistério. Depois de alguns meses cheios de dúvidas e especulações a Panini correu atrás e renovou o contrato que garante a publicação das séries de quadrinhos da DC Comics em terras tupiniquins. A notícia consolida o status de superpotência dos quadrinhos nacionais que a editora italiana passará a exibir em 2007. Além das histórias da DC, a editora publicará séries regulares da Marvel, Top Cow, diversos mangás, títulos europeus e a Turma da Mônica, que muda para a nova casa em janeiro. De tiragem relevante ficaram de fora apenas títulos da Disney, alguns fummetos e títulos da Wildstorm, Image e Vertigo. Estima-se que a empresa responda por cerca de 80% a 90% do mercado no próximo ano.

Tal notícia, ironicamente, apresenta vantagens e desvantagens para os apreciadores de hq´s. As primeiras dizem respeito à qualidade do trabalho da Panini, principalmente no filão dos super-heróis. É impressionante o volume de material que chega às bancas e lojas especializadas, entre séries regulares e encadernados especiais, títulos que geralmente contam com acabamentos muito superior aos dados pelas antigas responsáveis por tais publicações. Louvável também foi a iniciativa da Panini em colocar encadernados de luxo nas bancas, com pequenas tiragens de distribuição setorizada. O sucesso desta empreitada abriu espaço para que outras editoras fizessem o mesmo, o que possibilitou que nós brasileiros conferíssemos muitas obras que em no passado dificilmente chegavam por aqui.

Mas nem tudo são flores, e o “quase” monopólio da Panini seguramente trará prejuízos para os consumidores. Sem concorrentes, a “gigante” sofrerá menos pressão para resolver os constantes problemas de atrasos, erros de impressão e má qualidade do papel de alguns títulos. Também diminui-se a esperança de uma queda de preços, ou mesmo que estes permaneçam sem reajuste.

A história poderia ter sido bem diferente caso a DC realmente migrasse para a Pixel Media. As negociações começaram em agosto deste ano, e faziam parte da estratégia da DC em transportar a concorrência com a Marvel para a esfera global. Como em diversos países os principais títulos das duas “majors” americanas são publicados pelas mesmas editoras, a disputa entre as duas não ocorre de maneira plena.

Contra a Pixel pesou a falta de tradição e pequeno porte, características típicas de uma jovem empresa, que apesar de realizar um ótimo trabalho em algumas publicações da Image Comics, possivelmente teria dificuldades com na distribuição de títulos de maior peso em todo o território nacional, um problema que aflige até mesmo a Panini.

E mesmo sem ter de temer a concorrência, algumas dores de cabeça ainda deverão atormentar a Panini no próximo ano. Apesar do aumento da oferta de títulos, o mercado brasileiro atualmente amarga um processo de encolhimento em suas tiragens. Hoje a Panini sofre com encalhes de edições de tiragens de apenas 20 mil exemplares. Há também a questão da pirataria através da Internet, onde edições inteiras são escaneadas e colocadas para download gratuito. Apesar do enorme poder que desfruta hoje, o cenário ainda é pouco animador para a Panini. Resta torcer para que o poder não suba a cabeça e que a editora não se contente apenas em manter o mercado que já possui, e sim investir para atrair novos consumidores, com produtos e preços cada vez mais atrativos.

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