Sparring da vez

Ao lado de Eva Mendes, quem não ficaria convencido?

Não posso precisar o que me atraiu no estilo de Miller logo de cara. Cada vez que lia seus trabalhos, encontrava novas qualidades, o que pode fazer a memória me trair. Sei que hoje admiro a concisão do texto, os ótimos diálogos, a criatividade dos roteiros e a capacidade dele em narrar tão bem na primeira pessoa, mediante toneladas de recordatórios. Estilo que passava uma sensação de realidade que eu jamais vira antes nos quadrinhos. Os pensamentos e avaliações dos personagens do Demolidor roteirizado por Miller fluíam com tamanha naturalidade que se confundiam aos meus.
Os anos passaram e descobri o cinema e, com este, Quentin Tarantino. Lembro-me que de cara encontrei muita similaridade entre o estilo do cineasta e o do quadrinhista. Tarantino emulava Miller, traduzindo tudo aquilo pelo qual me apaixonara durante a adolescência para a telona. O que não significava tratar-se de uma cópia, pois o diretor o fazia com estilo próprio, que rapidamente passei a admirar. Tão logo assisti a Pulp Fiction, pensei ser Tarantino a pessoa certa para adaptar a obra de Miller para o cinema. Nas discussões com os amigos, argumentava sempre que ele deveria dirigir Sin City. A medida exata! Imaginem então o tamanho da minha empolgação quando soube que ele e Robert Rodriguez iriam, de fato, realizar Sin City, e mais, com Miller a tiracolo.

The Spirit é ruim, mas dá para assistir. O bichano é simpático!!!
Naquele momento, percebi que uma trajetória cinematográfica seria inevitável na carreira de Miller. Sin City foi o sucesso que esperava e 300 gerou burburinho ainda maior, embora entre as obras de Miller, esta não seja uma de minhas favoritas. O próximo passo foi deixá-lo dirigir um filme por sua própria conta, e ele optou por The Spirit, adaptação da obra de Will Eisner, ídolo do Miller quadrinhista.
Colocá-lo no banco de diretor não me surpreendeu, tampouco a pronta aceitação por parte dele. Miller era visto como promessa em Hollywood, status bem diferente daquele que ostentava na indústria de quadrinhos à época. Nesta, seus trabalhos mais recentes variavam entre os incompreendidos por público ou crítica (All star Batman) e os de má qualidade (O Cavaleiro das trevas 2). Era consenso que os quadrinhos já não fascinavam Miller como antigamente. Quem sabe ele não encontraria no cinema nova vazão para seu talento...
O problema é que, contra ele, havia uma legião de ex-fãs e críticos ansiosos por um fracasso. Ninguém engolira bem a sátira que Miller fazia do atual mercado dos quadrinhos em All Star Batman, e muitos acharam petulante a decisão do autor de desembarcar em Hollywood, principalmente porque Alan Moore, o outro “papa dos quadrinhos”, faz questão de dar 500 entrevistas por semana repudiando toda a indústria cinematográfica americana. Miller ainda tratou de agravar o quadro, adotando uma postura insuportavelmente blasé durante entrevistas e convenções, portando-se como gênio supremo. Parecia ter saído há pouco de um mergulho de cabeça no mais fundo poço do pedantismo...
E por essa postura, muito mais do que pela qualidade de seu trabalho, Miller pode estar dando adeus ao sonho hollywoodiano. The Spirit fracassou com público e crítica, embora o filme não seja tão ruim quanto muitos pregam. É, sim, uma obra bem fraca e repleta de passagens constrangedoras, mas ali salvam-se um ou outro momento nos quais brotam faíscas do talento do Miller de outrora. O que não serve de álibi para meu antigo ídolo. Frank Miller alçou o posto de saco de pancadas da vez, e ninguém parece querer maneirar nos golpes. Um tombo que pode muito bem ajudá-lo a colocar a cabeça no lugar, servindo inclusive como motivação. Resta saber como estará a boa vontade do público para a próxima investida do artista, seja no cinema ou nos quadrinhos.

The Spirit: ótimo pretexto para postar outra foto da Scarlett... Ai, Ai!
3 comentários:
Oi, queridããããão.
Que sardade docê! rs
Ai, sabe que sou péssima em comentar sobre esse tipo de filme, né? "esse tipo" não é pejorativo, viu!
Mas, posso dizer que o Tarantino é louco, mas me encanta.
Vc assitiu o Oscar Nacional 2009, no canal brasil?
SE não, digo que o vencedor de melhor filme foi Estomago.
Tô louca pra ver esse filme.
Gostaria de ver um post SEU sobre o filme Closer...=) Vc nem gosta, né? rs
beijãããão
HAHAHA!!!
Não assisti ao Oscar nacional, mas Estômago é um filme que há muito quero ver...
Bom, acho que você está um pouquinho enganadinha sobre mim, bruxinha!!!
Não chegeui a escrever uma resenha sobre Closer, mas no meu primeiro Blog, ele mereceu um certo destaque...
http://luisfelipesilva.zip.net/arch2006-02-12_2006-02-18.html
Não repare muito no texto, porque não era muito elaborado...
Ah, Closer foi o quarto ou quinto DVD que comprei na vida! Adoro o filme! Bjão!
Eu li, mas... nem se compara com os daqui. =( hehehehe manhooooooooosa...rs
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