quarta-feira, julho 26, 2006

Cinema

A lado bom da pirataria


Sejamos francos: não é muito melhor que O Senhor dos Anéis?

Quem nunca gostou de uma boa história sobre piratas? Sejam lendas sobre figuras que assombravam os sete mares, aos moldes do famoso Barba Negra; ou em contos mais singelos, como a história de Peter Pan e seu indefectível Capitão Gancho, o fato é que quase sempre piratas dão personagens carismáticos e, quase como conseqüência, histórias divertidas.

Hollywood parecia ter esquecido disto, e desde o fracasso de Ilha da Garganta Cortada o gênero de piratas estava jogado ao limbo, parecendo estar fadado ao esquecimento. O mesmo destino parecia ser partilhado pelas aventuras promovidas pelos estúdios Disney (responsáveis pelo já citado Ilha da Garganta Cortada), que não conseguiam emplacar mais nenhum blockbuster de verão, o que gerava incertezas sobre as incursões do estúdio nestes mares.

Quando a Disney anunciou a produção de Piratas do Caribe: A maldição do Pérola Negra para o ano de 2003, em parceria com o produtor Jerry Bruckeheimer (outro que não acertava uma em muito tempo) a sensação era de que esta era uma produção fadada a naufragar. Apesar de toda esta desconfiança e do iminente risco de um fracasso, a produção zarpou levando consigo tripulantes do porte de Johnny Deep e Geoffrey Rush, além das ascendentes estrelas de Keira Knightley e Orlando Bloon, trupe esta capitaneada pelo diretor Gore Verbiski. Sem muito alarde o filme apareceu nas salas de cinema e obteve um êxito maior do que o esperado pelo mais otimista analista. Foram seiscentos milhões de dólares de bilheteria, uma cifra que revelava aos executivos da Disney um novo mapa do tesouro a ser explorado.

Como de praxe em Hollywood, uma continuação passou a ser preparada, aliás não uma, mas duas, filmadas de modo simultâneo, tendência que vem ganhando força por reduzir os custos de produção. A tripulação foi novamente reunida, e Piratas do Caribe: O baú da morte chegou as salas de cinema com toda a pompa merecida, mas novamente obtendo um sucesso maior que o esperado, quebrando todos os recorde de bilheteria imagináveis.

Qual o segredo deste sucesso? Verbiski é certamente um diretor talentoso, mas nada fora do comum, sendo que em nenhum momento ele abandona a cartilha das superproduções. Elizabeth (Knightley) e Will Turner (Orlando Bloon) formam um belo par romântico e apesar de terem ganho mais personalidade no segundo filme, ainda lembram bastante os protagonistas de diversos fracassos do gênero. Não! Se existe um responsável por todo este sucesso ele atende por Jack Sparrow, o tresloucado capitão vivido com maestria por Johnny Deep.

Sparrow não é um personagem muito usual em superproduções de verão. Espalhafatoso, egoísta, fanfarrão e interesseiro, o personagem de Deep seria um pesadelo para qualquer pai se fosse amigo de seus filhos, mas se encaixa perfeitamente no universo pirata, criando um tipo único, que assim como os outros personagens citados no início do texto, serve como pilar de sustentação para as histórias, roubando a cena cada vez que aparece e nos surpreendendo com seu comportamento imprevisível.


O trama de Baú da Morte segue a fórmula de seu antecessor: Elizabeth e Will tem seu casamento interrompido e acabam presos. Para se livrarem da prisão eles são obrigados ir ao encalço de Sparrow para trazer sua bússola mágica. Mas como sempre Sparrow esta metido em confusão e depende da bússola para achar um baú que guarda sua única salvação para uma trato feito com o monstruoso pirata-polvo Davy Jones. Os herói mais uma vez se reúnem, mas isso não significa que não existam divergências sobre o rumo das ações que eles devem tomar. Tudo muito parecido com o primeiro filme, sendo que a única mudança significativa está na personagem de Knightley, que deixa de ser a donzela em perigo para participar da ação, chegando até mesmo a se deixar levar pelo charme do capitão Sparrow.

O final da história só conheceremos em Piratas do Caribe: The World´s End (ainda sem título oficial em português), mas não devemos esperar grandes reviravoltas. Com um tesouro tão grande nas mãos já não é difícil imaginar que a Disney descida levar a trilogia adiante, muito além dos limites dos mares conhecidos...

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